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"Tudo junto e misturado; consumimos. Jogamos o jogo de jogar fora, mas já é hora de trazer pra dentro. A sacola da feira não traz só polpa; traz plástico e casca. Tudo junto e misturado volta a ter contato, o lixo com o corpo e as mãos com a boca. A gente faz lambança - bota pra dentro, bota pra fora. E o resto a gente ignora."

 

"Maçaroca" reflete sobre a enorme quantidade de resíduos gerados pelo ser humano diariamente, em um momento no qual o descarte de materiais deve ser inevitavelmente repensado. Para se ter ideia da dimensão do problema, 96% dos resíduos produzidos no Brasil em 2022 não foram reaproveitados. Todo esse material foi parar em aterros controlados, lixões a céu aberto ou nas ruas e praças do país (fonte: G1).

 

Com linguagem híbrida, o espetáculo de dança traz diálogos e atravessamentos com as artes visuais e arte sonora, iniciando com uma ação comum do cotidiano: voltar da feira. Uma situação banal, mas que simboliza muito das problemáticas relacionadas à geração de resíduos: além de muitas vezes trazermos sacolas plásticas com as compras, também costumamos descartar incorretamente os restos gerados por nosso consumo alimentar, já que apenas 1% do lixo orgânico (como cascas, pedaços de fruta, folhas etc.) é reaproveitado no país (fonte: ASSEMAE). A partir dessas narrativas, a dramaturgia do trabalho se desenvolve levando o público a um universo plastificado, permeado por materialidades orgânicas que constantemente se transformam.

 

O espetáculo faz parte das ações propostas no projeto Vestígios, que envolve recortes de trabalhos já pesquisados pelo coletivo Núcleo Corpóreo através dos multiartistas Fernando Dalla Nora e Gabriel(za) Engster, tendo como objetivo compilar dispositivos criativos que trazem os temas de interesse do coletivo nos últimos anos, principalmente questões atreladas ao reuso de resíduos sintéticos, orgânicos e digitais. Além da criação e direção do trabalho, Fernando e Gabriel(za) também participam da apresentação junto aos artistas Adilso Machado, Anderson Kaltner e Cris Fabi.

O projeto é patrocinado pela Lei de Incentivo à Cultura de Balneário Camboriú, por meio da Fundação Cultural do município (LIC 2023).

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